Transição até 2033: o que o contador precisa ajustar em cada fase

Atualizado em | 12 min de leitura

Saiba o que o contador precisa ajustar em cada fase da transição da Reforma Tributária até 2033.

12 min

A Reforma Tributária não será implementada de forma imediata. O período de transição até 2033 exigirá do contador uma atuação ainda mais estratégica, acompanhando múltiplas fases de convivência entre o sistema atual e o novo modelo tributário

Cada etapa trará ajustes específicos em Gestão, processos, controles e tecnologia, impactando diretamente a rotina das empresas.

O contador será o principal agente de orientação durante esse processo, ajudando a interpretar regras, antecipar riscos e identificar oportunidades. 

Já para os profissionais contábeis, será indispensável dominar o cronograma oficial, entender as mudanças progressivas do IBS, da CBS e do IS e garantir que os ERPs estejam preparados para operar em um ambiente híbrido por vários anos.

Compreender o que precisa ser ajustado em cada fase da transição até 2033 é fundamental para reduzir erros, evitar custos desnecessários e manter a conformidade fiscal. 

Planejamento, atualização constante e visão estratégica serão os diferenciais para atravessar esse período com segurança e eficiência.

Como a transição está estruturada na Reforma Tributária

A estrutura da transição prevê a implantação progressiva do IBS e da CBS, enquanto tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins são reduzidos de forma escalonada.

Na prática, isso significa que o contador precisará lidar, por alguns anos, com dois modelos tributários operando simultaneamente, aumentando a complexidade da Gestão fiscal.

Nos primeiros anos, o foco estará em testes, ajustes de sistemas, adaptação de cadastros e validação de processos

Já nas fases intermediárias, a atenção se volta para a correta apuração dos novos tributos, convivendo com regras antigas e novas ao mesmo tempo. 

Na etapa final, ocorre a consolidação definitiva do novo sistema, com a extinção completa dos tributos substituídos.

Para os profissionais contábeis, será indispensável organização, domínio do cronograma e uso de ERP preparado para a Reforma Tributária, garantindo controle, conformidade e previsibilidade ao longo de toda a transição.

Cronograma por ano da Reforma Tributária: o que acontecerá e como se preparar

Entender o cronograma anual da Reforma Tributária é essencial para que contadores e empresas consigam planejar ajustes com antecedência e manter uma Gestão tributária organizada durante todo o período de transição até 2033. 

Cada ano terá objetivos específicos e exigirá ações práticas diferentes.


2026: ano teste 

O ano de 2026 marca o início prático da Reforma Tributária e funciona, na prática, como um ano teste da CBS e do IBS. 

Nesse ano, não haverá impacto financeiro definitivo para as empresas, IBS e CBS passam a ser calculados e informados, mas sem substituir totalmente os tributos atuais.

Veja o que muda:

  • A apuração desses tributos será experimental, no montante arrecadado da CBS de 0,9% e do IBS de 0,1%
  • O montante arrecadado será compensado com o valor devido de PIS e COFINS no mesmo período de liquidação;

Esse é o momento em que o contador precisa: 

  • Revisar os cadastros fiscais (CFOP, NCM, CST e enquadramentos fiscais)
  • Ajustar natureza das operações e regras fiscais no ERP
  • Revisar processos internos e rotinas fiscais


2027 e 2028

Os anos de 2027 e 2028 marcam a transição da fase de testes para o início dos efeitos financeiros concretos da Reforma Tributária

Nesse período, o novo modelo deixa de ser apenas experimental e passa a impactar diretamente a apuração, o caixa e a Gestão tributária das empresas.

A principal mudança é o início da redução gradual dos tributos atuais, como PIS, Cofins, ICMS e ISS, ao mesmo tempo em que o IBS e a CBS passam a assumir maior relevância na arrecadação. 

O contador passa a lidar com percentuais mistos, exigindo atenção redobrada para evitar erros de cálculo e recolhimento.

O que muda:

  • Até 2028 o PIS e COFINS serão extintos;
  • As alíquotas de IPI serão reduzidas a zero sobre todos os produtos, exceto aqueles industrializados na Zona Franca de Manaus;
  • Instituição do Imposto Seletivo, que visa desestimular o consumo de bens e serviços prejudiciais à saúde;

Nessa fase, o contador precisa:

  • Ajustar as alíquotas progressivas corretamente no ERP;
  • Separar tributos antigos e novos por período;
  • Monitorar a convivência entre dois sistemas tributários;
  • Validar continuamente a apropriação de créditos;
  • Ajustar rotinas de fechamento e conferência fiscal;
  • Realizar auditoria fiscal contínua;

Além disso, o contador deve intensificar a análise de impactos no fluxo de caixa, preços e margens, orientando o Empreendedor sobre possíveis ajustes estratégicos. 

Decisões tomadas em 2027 e 2028 podem definir a competitividade do negócio nos anos seguintes.

2029 a 2032

O período entre 2029 e 2032 representa a fase de consolidação da Reforma Tributária, em que será feita a transição do ICMS e ISS para o IBS via aumento gradual da alíquota do IBS e redução gradual das alíquotas do ICMS e ISS:

  • 2029: 10% IBS e 90% ICMS e ISS;
  • 2030: 20% IBS e 80% ICMS e ISS;
  • 2031: 30% IBS e 70% ICMS e ISS;
  • 2032: 40% IBS e 60% ICMS e ISS;

Nesse cenário, a complexidade deixa de estar na convivência entre sistemas e passa a se concentrar na Gestão eficiente do novo modelo.

Para o contador, o foco se desloca para a otimização da carga tributária, a correta gestão de créditos e a garantia de conformidade em um ambiente mais fiscalizado e digital. 

Erros acumulados nos anos anteriores tendem a se tornar mais visíveis, exigindo revisões periódicas e controles mais robustos.

Nessa fase, o contador precisa:

  • Manter o ERP totalmente aderente às regras do IBS e da CBS;
  • Monitorar continuamente alíquotas, regimes específicos e exceções legais;
  • Garantir a correta destinação do imposto e o aproveitamento integral dos créditos;
  • Refinar rotinas de fechamento, conciliação e auditoria fiscal;

2033

O ano de 2033 marca o fim oficial do período de transição e a consolidação definitiva da Reforma Tributária no Brasil. 

A partir desse ponto, o sistema anterior é totalmente encerrado, e o IBS e a CBS passam a ser a base exclusiva da tributação sobre o consumo, com o Imposto Seletivo (IS) aplicado conforme os produtos e serviços definidos em lei.

Para o contador, 2033 exige a eliminação completa dos controles ligados aos tributos antigos, como ICMS, ISS, PIS e Cofins, além da revisão final de processos, cadastros e relatórios fiscais. 

Todo o foco passa a estar na Gestão eficiente do novo modelo, com atenção máxima à correta apuração, crédito e destinação do imposto.

Nesse cenário, tornam-se prioridades:

  • Garantir que o ERP opere exclusivamente com as regras do IBS, CBS e IS;
  • Revisar contratos, preços e políticas comerciais já totalmente adaptados;
  • Consolidar rotinas de auditoria e compliance fiscal;
  • Avaliar resultados da transição e corrigir eventuais passivos remanescentes;

Em 2033, o contador atua como guardião da conformidade e da eficiência tributária, apoiando o Empreendedor em um ambiente mais simples na teoria, porém mais rigoroso na fiscalização. 

Empresas que se prepararam ao longo da transição entram nesse novo ciclo com controle, previsibilidade e vantagem competitiva.

Leia também: “Quais impostos serão extintos com a Reforma Tributária 2025?”

Principais ajustes contábeis e fiscais para a Reforma Tributária

A Reforma Tributária exige uma revisão profunda da estrutura contábil e fiscal das empresas. 

O contador passa a atuar de forma ainda mais estratégica, garantindo que cadastros, sistemas e processos estejam alinhados às novas regras do IBS, da CBS e do IS, reduzindo riscos e assegurando uma Gestão tributária eficiente.

Revisão de CFOPs, CSTs e regras de cálculo

A revisão de CFOPs, CSTs e regras de cálculo será um dos ajustes mais sensíveis da Reforma Tributária. 

Esses códigos deixam de cumprir apenas funções acessórias e passam a influenciar diretamente alíquotas, créditos tributários e a correta destinação do imposto.

CFOPs incorretos podem gerar tributação indevida, perda de créditos ou enquadramento errado da operação, afetando o fluxo de caixa da empresa.

Já CSTs inconsistentes comprometem a apuração correta do IBS e da CBS, aumentando o risco de autuações.

Além disso, as regras de cálculo precisam ser revisadas e documentadas. A não cumulatividade plena exige precisão na classificação das operações, e interpretações divergentes entre filiais ou setores podem gerar inconsistências relevantes. 

Padronizar critérios e alinhar todos os envolvidos é fundamental para evitar erros recorrentes.

Ajustes de sistemas e cruzamentos com SPED

Os sistemas contábeis e ERPs passam a ser protagonistas na adaptação à Reforma Tributária. Eles precisam estar preparados para apuração híbrida, geração de relatórios detalhados e rastreabilidade total das informações.

Outro ponto crítico é o cruzamento de dados com o SPED. Com o avanço da fiscalização digital, inconsistências entre informações fiscais, contábeis e financeiras tendem a ser identificadas com mais rapidez.

Qualquer divergência de valores, códigos ou classificações pode gerar questionamentos automáticos.

O contador deve garantir que:

  • Os dados enviados ao SPED reflitam fielmente as apurações do IBS e da CBS
  • Os sistemas estejam integrados, evitando retrabalho e erros manuais
  • Relatórios de conferência sejam utilizados antes do envio das obrigações

Mudanças nas notas fiscais e obrigações acessórias

A Reforma Tributária promove mudanças estruturais nas notas fiscais e nas obrigações acessórias, impactando diretamente a rotina contábil, fiscal e operacional das empresas. 

O objetivo do novo modelo é simplificar, padronizar e aumentar a transparência, mas, na prática, o período de transição exigirá atenção redobrada do contador e do Empreendedor.

As notas fiscais passam a concentrar mais informações relevantes para a apuração dos tributos, enquanto as obrigações acessórias caminham para um modelo mais integrado e digital. 

Isso reforça a importância de processos bem definidos e ERPs preparados para o novo cenário.

Inclusão de IBS, CBS e Imposto Seletivo

Com a implementação do novo sistema, as notas fiscais eletrônicas passarão a incluir campos específicos para IBS, CBS e Imposto Seletivo (IS)

Esses tributos exigem maior detalhamento da operação, como base de cálculo, alíquotas aplicáveis, créditos gerados e destinação do imposto.

Essa inclusão torna a nota fiscal um documento central de controle e fiscalização, aumentando a responsabilidade na correta classificação das operações. 

Qualquer erro na emissão pode comprometer a apuração dos tributos, gerar inconsistências no SPED e resultar em glosas de créditos ou autuações fiscais.

Para o contador, será essencial revisar layouts, regras de emissão e validações sistêmicas, garantindo que o ERP esteja atualizado e em conformidade com os novos padrões exigidos pela Reforma Tributária.

Saiba mais em: “Modelo de nota fiscal com IBS, CBS e IS: como fica a nota a partir de 2026.”


Redução e unificação das obrigações acessórias

Um dos principais objetivos da Reforma Tributária é a redução do volume de obrigações acessórias, substituindo múltiplas declarações por obrigações mais unificadas e integradas

A promessa é diminuir a burocracia e o retrabalho enfrentado atualmente pelas empresas.

No entanto, essa simplificação vem acompanhada de maior cruzamento de dados e fiscalização automatizada

Ou seja, menos declarações não significam menos controle, mas sim mais precisão e consistência nas informações prestadas.

Empresas que não ajustarem processos, sistemas e cadastros tendem a enfrentar mais riscos nesse novo ambiente digital.

Quais são as principais mudanças previstas para as obrigações acessórias?

Entre as principais mudanças esperadas, destacam-se:

  • Unificação de declarações fiscais, substituindo múltiplas obrigações atuais
  • Maior integração entre fiscos federal, estadual e municipal
  • Uso intensivo de dados das notas fiscais eletrônicas como base principal de apuração
  • Fiscalização quase em tempo real, com cruzamentos automáticos
  • Redução de obrigações redundantes, mas aumento da exigência por dados corretos
  • Maior dependência de ERPs e sistemas integrados

Nesse contexto, a Gestão tributária se torna mais estratégica do que nunca. 

O contador deixa de atuar apenas no cumprimento de prazos e passa a garantir qualidade, consistência e confiabilidade das informações, ajudando o Empreendedor a reduzir riscos e custos na transição da Reforma Tributária.

Leia também no Clicknotas: “Obrigações acessórias: o que muda e quando muda com a Reforma Tributária”.

Como contadores devem preparar operações da empresa

A Reforma Tributária exige que o contador atue de forma preventiva e estratégica na preparação das operações da empresa. 

Não se trata apenas de cumprir novas regras, mas de garantir que pessoas, processos e sistemas estejam alinhados para operar com segurança durante toda a transição até 2033.

A adaptação operacional bem-sucedida reduz erros, evita custos desnecessários e fortalece a Gestão tributária, permitindo que o Empreendedor tome decisões com mais previsibilidade e controle.

Treinamento da equipe

O primeiro passo para preparar as operações é investir no treinamento contínuo da equipe contábil, fiscal e administrativa

A Reforma Tributária introduz novos conceitos, tributos e regras que impactam diretamente a rotina diária, exigindo atualização constante dos profissionais.

Os treinamentos devem abordar:

  • Funcionamento do IBS, CBS e Imposto Seletivo
  • Novas regras de crédito e não cumulatividade
  • Impactos nas notas fiscais e obrigações acessórias
  • Integração entre áreas como fiscal, financeiro e comercial

Capacitar a equipe reduz a dependência de decisões individuais, aumenta a padronização dos processos e diminui significativamente o risco de erros operacionais.


Parametrização progressiva do ERP e sistemas contábeis

Outro ponto essencial é a parametrização progressiva do ERP e dos sistemas contábeis

Como a Reforma Tributária será implementada em fases, os sistemas precisam acompanhar essa evolução de forma gradual, refletindo corretamente alíquotas, regras de cálculo e convivência entre tributos antigos e novos.

O contador deve:

  • Validar periodicamente as regras fiscais configuradas no sistema
  • Garantir que o ERP permita apuração híbrida durante a transição
  • Monitorar relatórios, cruzamentos e rastreabilidade das informações
  • Ajustar parâmetros conforme novas regulamentações forem publicadas

Empresas que utilizam um ERP preparado para a Reforma Tributária conseguem adaptar suas operações com mais agilidade, reduzir retrabalho e manter a conformidade fiscal mesmo em um cenário de mudanças constantes.

Ao alinhar capacitação da equipe e tecnologia adequada, o contador cria uma base sólida para que a empresa atravesse a Reforma Tributária com eficiência, segurança e vantagem competitiva.

Quando cada etapa será completamente definida?

Embora a Reforma Tributária já esteja prevista constitucionalmente, muitos detalhes operacionais ainda dependem da publicação de leis complementares e normas infralegais

Isso significa que cada etapa da transição só será completamente definida à medida que essas regulamentações forem aprovadas e atualizadas.

O cronograma geral indica quando as fases começam e terminam, mas aspectos como alíquotas finais, regimes específicos, regras de crédito, obrigações acessórias e layouts de documentos fiscais serão detalhados progressivamente. 

Para empresas e Empreendedores, essa indefinição parcial exige planejamento flexível e capacidade de adaptação contínua.

Nesse cenário, não basta se preparar uma única vez. A Reforma Tributária é um processo em evolução, e as definições ocorrerão de forma escalonada, especialmente entre 2024 e 2032, com ajustes frequentes ao longo do caminho.

A necessidade de acompanhamento das leis complementares pelo contador 

O contador assume papel central no acompanhamento das leis complementares, decretos, atos normativos e decisões do Comitê Gestor do IBS

Essas publicações são responsáveis por transformar o texto constitucional em regras práticas aplicáveis no dia a dia das empresas.

Cabe ao contador:

  • Monitorar constantemente novas regulamentações
  • Interpretar impactos técnicos e operacionais
  • Atualizar sistemas, processos e cadastros conforme as mudanças
  • Orientar o Empreendedor sobre riscos, prazos e oportunidades

A falta de acompanhamento pode levar a decisões baseadas em informações desatualizadas, gerando erros fiscais, perda de créditos e aumento de custos.

Em um ambiente tributário em constante transformação, o contador deixa de ser apenas um executor de obrigações e passa a atuar como agente estratégico de adaptação

O acompanhamento atento das leis complementares é o que garante segurança, conformidade e eficiência durante toda a transição da Reforma Tributária.

Conclusão: transição exige um contador preparado e um acompanhamento constante das leis complementares

A Reforma Tributária não é um evento pontual, mas um processo longo, técnico e progressivo, que se estende até 2033 e exige atenção contínua. 

Ao longo dessa transição, o sucesso das empresas dependerá diretamente de um contador preparado, com visão estratégica e capacidade de adaptação rápida às mudanças legais.

Cada fase da Reforma traz novos desafios, desde ajustes em cadastros, sistemas e rotinas, até decisões que impactam preços, margens e fluxo de caixa. 

Nesse cenário, o acompanhamento constante das leis complementares, normas do Comitê Gestor e atualizações operacionais deixa de ser opcional e passa a ser uma obrigação estratégica.

O contador assume o papel de tradutor da legislação para a realidade do negócio, orientando o Empreendedor com base em dados, simulações e cenários reais. 

Com apoio de um ERP atualizado e processos bem estruturados, é possível reduzir riscos, evitar custos desnecessários e ganhar previsibilidade mesmo em um ambiente de mudanças constantes.

Em resumo, a transição da Reforma Tributária exige planejamento, capacitação contínua e monitoramento permanente da legislação

Empresas que contam com um contador preparado atravessam esse período com mais segurança, eficiência e vantagem competitiva no novo modelo tributário brasileiro.

Sthephane Teodoro
Sthephane Teodoro é administradora e especialista em finanças corporativas. Transforma números em informação clara, orientando empreendedores que desejam estruturar seus negócios com segurança e melhores resultados.
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