A Reforma Tributária não será implementada de forma imediata. O período de transição até 2033 exigirá do contador uma atuação ainda mais estratégica, acompanhando múltiplas fases de convivência entre o sistema atual e o novo modelo tributário.
Cada etapa trará ajustes específicos em Gestão, processos, controles e tecnologia, impactando diretamente a rotina das empresas.
O contador será o principal agente de orientação durante esse processo, ajudando a interpretar regras, antecipar riscos e identificar oportunidades.
Já para os profissionais contábeis, será indispensável dominar o cronograma oficial, entender as mudanças progressivas do IBS, da CBS e do IS e garantir que os ERPs estejam preparados para operar em um ambiente híbrido por vários anos.
Compreender o que precisa ser ajustado em cada fase da transição até 2033 é fundamental para reduzir erros, evitar custos desnecessários e manter a conformidade fiscal.
Planejamento, atualização constante e visão estratégica serão os diferenciais para atravessar esse período com segurança e eficiência.
Como a transição está estruturada na Reforma Tributária
A estrutura da transição prevê a implantação progressiva do IBS e da CBS, enquanto tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins são reduzidos de forma escalonada.
Na prática, isso significa que o contador precisará lidar, por alguns anos, com dois modelos tributários operando simultaneamente, aumentando a complexidade da Gestão fiscal.
Nos primeiros anos, o foco estará em testes, ajustes de sistemas, adaptação de cadastros e validação de processos.
Já nas fases intermediárias, a atenção se volta para a correta apuração dos novos tributos, convivendo com regras antigas e novas ao mesmo tempo.
Na etapa final, ocorre a consolidação definitiva do novo sistema, com a extinção completa dos tributos substituídos.
Para os profissionais contábeis, será indispensável organização, domínio do cronograma e uso de ERP preparado para a Reforma Tributária, garantindo controle, conformidade e previsibilidade ao longo de toda a transição.
Cronograma por ano da Reforma Tributária: o que acontecerá e como se preparar
Entender o cronograma anual da Reforma Tributária é essencial para que contadores e empresas consigam planejar ajustes com antecedência e manter uma Gestão tributária organizada durante todo o período de transição até 2033.
Cada ano terá objetivos específicos e exigirá ações práticas diferentes.
2026: ano teste
O ano de 2026 marca o início prático da Reforma Tributária e funciona, na prática, como um ano teste da CBS e do IBS.
Nesse ano, não haverá impacto financeiro definitivo para as empresas, IBS e CBS passam a ser calculados e informados, mas sem substituir totalmente os tributos atuais.
Veja o que muda:
- A apuração desses tributos será experimental, no montante arrecadado da CBS de 0,9% e do IBS de 0,1%
- O montante arrecadado será compensado com o valor devido de PIS e COFINS no mesmo período de liquidação;
Esse é o momento em que o contador precisa:
- Revisar os cadastros fiscais (CFOP, NCM, CST e enquadramentos fiscais)
- Ajustar natureza das operações e regras fiscais no ERP
- Revisar processos internos e rotinas fiscais
2027 e 2028
Os anos de 2027 e 2028 marcam a transição da fase de testes para o início dos efeitos financeiros concretos da Reforma Tributária.
Nesse período, o novo modelo deixa de ser apenas experimental e passa a impactar diretamente a apuração, o caixa e a Gestão tributária das empresas.
A principal mudança é o início da redução gradual dos tributos atuais, como PIS, Cofins, ICMS e ISS, ao mesmo tempo em que o IBS e a CBS passam a assumir maior relevância na arrecadação.
O contador passa a lidar com percentuais mistos, exigindo atenção redobrada para evitar erros de cálculo e recolhimento.
O que muda:
- Até 2028 o PIS e COFINS serão extintos;
- As alíquotas de IPI serão reduzidas a zero sobre todos os produtos, exceto aqueles industrializados na Zona Franca de Manaus;
- Instituição do Imposto Seletivo, que visa desestimular o consumo de bens e serviços prejudiciais à saúde;
Nessa fase, o contador precisa:
- Ajustar as alíquotas progressivas corretamente no ERP;
- Separar tributos antigos e novos por período;
- Monitorar a convivência entre dois sistemas tributários;
- Validar continuamente a apropriação de créditos;
- Ajustar rotinas de fechamento e conferência fiscal;
- Realizar auditoria fiscal contínua;
Além disso, o contador deve intensificar a análise de impactos no fluxo de caixa, preços e margens, orientando o Empreendedor sobre possíveis ajustes estratégicos.
Decisões tomadas em 2027 e 2028 podem definir a competitividade do negócio nos anos seguintes.
2029 a 2032
O período entre 2029 e 2032 representa a fase de consolidação da Reforma Tributária, em que será feita a transição do ICMS e ISS para o IBS via aumento gradual da alíquota do IBS e redução gradual das alíquotas do ICMS e ISS:
- 2029: 10% IBS e 90% ICMS e ISS;
- 2030: 20% IBS e 80% ICMS e ISS;
- 2031: 30% IBS e 70% ICMS e ISS;
- 2032: 40% IBS e 60% ICMS e ISS;
Nesse cenário, a complexidade deixa de estar na convivência entre sistemas e passa a se concentrar na Gestão eficiente do novo modelo.
Para o contador, o foco se desloca para a otimização da carga tributária, a correta gestão de créditos e a garantia de conformidade em um ambiente mais fiscalizado e digital.
Erros acumulados nos anos anteriores tendem a se tornar mais visíveis, exigindo revisões periódicas e controles mais robustos.
Nessa fase, o contador precisa:
- Manter o ERP totalmente aderente às regras do IBS e da CBS;
- Monitorar continuamente alíquotas, regimes específicos e exceções legais;
- Garantir a correta destinação do imposto e o aproveitamento integral dos créditos;
- Refinar rotinas de fechamento, conciliação e auditoria fiscal;
2033
O ano de 2033 marca o fim oficial do período de transição e a consolidação definitiva da Reforma Tributária no Brasil.
A partir desse ponto, o sistema anterior é totalmente encerrado, e o IBS e a CBS passam a ser a base exclusiva da tributação sobre o consumo, com o Imposto Seletivo (IS) aplicado conforme os produtos e serviços definidos em lei.
Para o contador, 2033 exige a eliminação completa dos controles ligados aos tributos antigos, como ICMS, ISS, PIS e Cofins, além da revisão final de processos, cadastros e relatórios fiscais.
Todo o foco passa a estar na Gestão eficiente do novo modelo, com atenção máxima à correta apuração, crédito e destinação do imposto.
Nesse cenário, tornam-se prioridades:
- Garantir que o ERP opere exclusivamente com as regras do IBS, CBS e IS;
- Revisar contratos, preços e políticas comerciais já totalmente adaptados;
- Consolidar rotinas de auditoria e compliance fiscal;
- Avaliar resultados da transição e corrigir eventuais passivos remanescentes;
Em 2033, o contador atua como guardião da conformidade e da eficiência tributária, apoiando o Empreendedor em um ambiente mais simples na teoria, porém mais rigoroso na fiscalização.
Empresas que se prepararam ao longo da transição entram nesse novo ciclo com controle, previsibilidade e vantagem competitiva.
Leia também: “Quais impostos serão extintos com a Reforma Tributária 2025?”
Principais ajustes contábeis e fiscais para a Reforma Tributária
A Reforma Tributária exige uma revisão profunda da estrutura contábil e fiscal das empresas.
O contador passa a atuar de forma ainda mais estratégica, garantindo que cadastros, sistemas e processos estejam alinhados às novas regras do IBS, da CBS e do IS, reduzindo riscos e assegurando uma Gestão tributária eficiente.
Revisão de CFOPs, CSTs e regras de cálculo
A revisão de CFOPs, CSTs e regras de cálculo será um dos ajustes mais sensíveis da Reforma Tributária.
Esses códigos deixam de cumprir apenas funções acessórias e passam a influenciar diretamente alíquotas, créditos tributários e a correta destinação do imposto.
CFOPs incorretos podem gerar tributação indevida, perda de créditos ou enquadramento errado da operação, afetando o fluxo de caixa da empresa.
Já CSTs inconsistentes comprometem a apuração correta do IBS e da CBS, aumentando o risco de autuações.
Além disso, as regras de cálculo precisam ser revisadas e documentadas. A não cumulatividade plena exige precisão na classificação das operações, e interpretações divergentes entre filiais ou setores podem gerar inconsistências relevantes.
Padronizar critérios e alinhar todos os envolvidos é fundamental para evitar erros recorrentes.
Ajustes de sistemas e cruzamentos com SPED
Os sistemas contábeis e ERPs passam a ser protagonistas na adaptação à Reforma Tributária. Eles precisam estar preparados para apuração híbrida, geração de relatórios detalhados e rastreabilidade total das informações.
Outro ponto crítico é o cruzamento de dados com o SPED. Com o avanço da fiscalização digital, inconsistências entre informações fiscais, contábeis e financeiras tendem a ser identificadas com mais rapidez.
Qualquer divergência de valores, códigos ou classificações pode gerar questionamentos automáticos.
O contador deve garantir que:
- Os dados enviados ao SPED reflitam fielmente as apurações do IBS e da CBS
- Os sistemas estejam integrados, evitando retrabalho e erros manuais
- Relatórios de conferência sejam utilizados antes do envio das obrigações
Mudanças nas notas fiscais e obrigações acessórias
A Reforma Tributária promove mudanças estruturais nas notas fiscais e nas obrigações acessórias, impactando diretamente a rotina contábil, fiscal e operacional das empresas.
O objetivo do novo modelo é simplificar, padronizar e aumentar a transparência, mas, na prática, o período de transição exigirá atenção redobrada do contador e do Empreendedor.
As notas fiscais passam a concentrar mais informações relevantes para a apuração dos tributos, enquanto as obrigações acessórias caminham para um modelo mais integrado e digital.
Isso reforça a importância de processos bem definidos e ERPs preparados para o novo cenário.
Inclusão de IBS, CBS e Imposto Seletivo
Com a implementação do novo sistema, as notas fiscais eletrônicas passarão a incluir campos específicos para IBS, CBS e Imposto Seletivo (IS).
Esses tributos exigem maior detalhamento da operação, como base de cálculo, alíquotas aplicáveis, créditos gerados e destinação do imposto.
Essa inclusão torna a nota fiscal um documento central de controle e fiscalização, aumentando a responsabilidade na correta classificação das operações.
Qualquer erro na emissão pode comprometer a apuração dos tributos, gerar inconsistências no SPED e resultar em glosas de créditos ou autuações fiscais.
Para o contador, será essencial revisar layouts, regras de emissão e validações sistêmicas, garantindo que o ERP esteja atualizado e em conformidade com os novos padrões exigidos pela Reforma Tributária.
Saiba mais em: “Modelo de nota fiscal com IBS, CBS e IS: como fica a nota a partir de 2026.”
Redução e unificação das obrigações acessórias
Um dos principais objetivos da Reforma Tributária é a redução do volume de obrigações acessórias, substituindo múltiplas declarações por obrigações mais unificadas e integradas.
A promessa é diminuir a burocracia e o retrabalho enfrentado atualmente pelas empresas.
No entanto, essa simplificação vem acompanhada de maior cruzamento de dados e fiscalização automatizada.
Ou seja, menos declarações não significam menos controle, mas sim mais precisão e consistência nas informações prestadas.
Empresas que não ajustarem processos, sistemas e cadastros tendem a enfrentar mais riscos nesse novo ambiente digital.
Quais são as principais mudanças previstas para as obrigações acessórias?
Entre as principais mudanças esperadas, destacam-se:
- Unificação de declarações fiscais, substituindo múltiplas obrigações atuais
- Maior integração entre fiscos federal, estadual e municipal
- Uso intensivo de dados das notas fiscais eletrônicas como base principal de apuração
- Fiscalização quase em tempo real, com cruzamentos automáticos
- Redução de obrigações redundantes, mas aumento da exigência por dados corretos
- Maior dependência de ERPs e sistemas integrados
Nesse contexto, a Gestão tributária se torna mais estratégica do que nunca.
O contador deixa de atuar apenas no cumprimento de prazos e passa a garantir qualidade, consistência e confiabilidade das informações, ajudando o Empreendedor a reduzir riscos e custos na transição da Reforma Tributária.
Leia também no Clicknotas: “Obrigações acessórias: o que muda e quando muda com a Reforma Tributária”.
Como contadores devem preparar operações da empresa
A Reforma Tributária exige que o contador atue de forma preventiva e estratégica na preparação das operações da empresa.
Não se trata apenas de cumprir novas regras, mas de garantir que pessoas, processos e sistemas estejam alinhados para operar com segurança durante toda a transição até 2033.
A adaptação operacional bem-sucedida reduz erros, evita custos desnecessários e fortalece a Gestão tributária, permitindo que o Empreendedor tome decisões com mais previsibilidade e controle.
Treinamento da equipe
O primeiro passo para preparar as operações é investir no treinamento contínuo da equipe contábil, fiscal e administrativa.
A Reforma Tributária introduz novos conceitos, tributos e regras que impactam diretamente a rotina diária, exigindo atualização constante dos profissionais.
Os treinamentos devem abordar:
- Funcionamento do IBS, CBS e Imposto Seletivo
- Novas regras de crédito e não cumulatividade
- Impactos nas notas fiscais e obrigações acessórias
- Integração entre áreas como fiscal, financeiro e comercial
Capacitar a equipe reduz a dependência de decisões individuais, aumenta a padronização dos processos e diminui significativamente o risco de erros operacionais.
Parametrização progressiva do ERP e sistemas contábeis
Outro ponto essencial é a parametrização progressiva do ERP e dos sistemas contábeis.
Como a Reforma Tributária será implementada em fases, os sistemas precisam acompanhar essa evolução de forma gradual, refletindo corretamente alíquotas, regras de cálculo e convivência entre tributos antigos e novos.
O contador deve:
- Validar periodicamente as regras fiscais configuradas no sistema
- Garantir que o ERP permita apuração híbrida durante a transição
- Monitorar relatórios, cruzamentos e rastreabilidade das informações
- Ajustar parâmetros conforme novas regulamentações forem publicadas
Empresas que utilizam um ERP preparado para a Reforma Tributária conseguem adaptar suas operações com mais agilidade, reduzir retrabalho e manter a conformidade fiscal mesmo em um cenário de mudanças constantes.
Ao alinhar capacitação da equipe e tecnologia adequada, o contador cria uma base sólida para que a empresa atravesse a Reforma Tributária com eficiência, segurança e vantagem competitiva.
Quando cada etapa será completamente definida?
Embora a Reforma Tributária já esteja prevista constitucionalmente, muitos detalhes operacionais ainda dependem da publicação de leis complementares e normas infralegais.
Isso significa que cada etapa da transição só será completamente definida à medida que essas regulamentações forem aprovadas e atualizadas.
O cronograma geral indica quando as fases começam e terminam, mas aspectos como alíquotas finais, regimes específicos, regras de crédito, obrigações acessórias e layouts de documentos fiscais serão detalhados progressivamente.
Para empresas e Empreendedores, essa indefinição parcial exige planejamento flexível e capacidade de adaptação contínua.
Nesse cenário, não basta se preparar uma única vez. A Reforma Tributária é um processo em evolução, e as definições ocorrerão de forma escalonada, especialmente entre 2024 e 2032, com ajustes frequentes ao longo do caminho.
A necessidade de acompanhamento das leis complementares pelo contador
O contador assume papel central no acompanhamento das leis complementares, decretos, atos normativos e decisões do Comitê Gestor do IBS.
Essas publicações são responsáveis por transformar o texto constitucional em regras práticas aplicáveis no dia a dia das empresas.
Cabe ao contador:
- Monitorar constantemente novas regulamentações
- Interpretar impactos técnicos e operacionais
- Atualizar sistemas, processos e cadastros conforme as mudanças
- Orientar o Empreendedor sobre riscos, prazos e oportunidades
A falta de acompanhamento pode levar a decisões baseadas em informações desatualizadas, gerando erros fiscais, perda de créditos e aumento de custos.
Em um ambiente tributário em constante transformação, o contador deixa de ser apenas um executor de obrigações e passa a atuar como agente estratégico de adaptação.
O acompanhamento atento das leis complementares é o que garante segurança, conformidade e eficiência durante toda a transição da Reforma Tributária.
Conclusão: transição exige um contador preparado e um acompanhamento constante das leis complementares
A Reforma Tributária não é um evento pontual, mas um processo longo, técnico e progressivo, que se estende até 2033 e exige atenção contínua.
Ao longo dessa transição, o sucesso das empresas dependerá diretamente de um contador preparado, com visão estratégica e capacidade de adaptação rápida às mudanças legais.
Cada fase da Reforma traz novos desafios, desde ajustes em cadastros, sistemas e rotinas, até decisões que impactam preços, margens e fluxo de caixa.
Nesse cenário, o acompanhamento constante das leis complementares, normas do Comitê Gestor e atualizações operacionais deixa de ser opcional e passa a ser uma obrigação estratégica.
O contador assume o papel de tradutor da legislação para a realidade do negócio, orientando o Empreendedor com base em dados, simulações e cenários reais.
Com apoio de um ERP atualizado e processos bem estruturados, é possível reduzir riscos, evitar custos desnecessários e ganhar previsibilidade mesmo em um ambiente de mudanças constantes.
Em resumo, a transição da Reforma Tributária exige planejamento, capacitação contínua e monitoramento permanente da legislação.
Empresas que contam com um contador preparado atravessam esse período com mais segurança, eficiência e vantagem competitiva no novo modelo tributário brasileiro.


