Regime de Competência: o que é, como funciona e quando usar no seu negócio

Atualizado em | 24 min de leitura

Entenda o regime de competência, como aplicar na prática e por que ele mostra o lucro real do negócio, diferente do caixa.

24 min

O regime de competência é muito importante para os negócios, mas ele se torna necessário quando você olha para a realidade das empresas brasileiras. 

A ausência de um planejamento tributário eficiente já causa o fechamento precoce de muitos negócios, e o cenário piora quando você percebe que mais de 60% das empresas operam com lucro abaixo de 10%, segundo o IBGE

Nesse contexto, qualquer erro no registro financeiro pode virar um risco enorme para a sobrevivência da empresa.

Esse alerta mostra que entender o regime de competência não é só uma questão contábil: é uma necessidade para quem quer controlar melhor o desempenho do negócio e evitar decisões baseadas apenas no saldo do banco. 

Ou seja, uma gestão que enxerga os resultados reais do mês evita surpresas, reduz riscos e cria espaço para crescer de forma segura.

Por isso, neste artigo explicamos o regime de competência de forma simples, clara e direta. 

Você vai entender como ele funciona, como aplicar na prática e por que ele pode evitar erros que afetam o caixa, o lucro e a continuidade do negócio.

Vem com a gente!

O que é Regime de Competência?

O regime de competência é o método contábil que registra receitas e despesas na data em que o fato acontece, e não quando o dinheiro entra ou sai do caixa. 

Essa lógica ajuda o empreendedor a entender a realidade financeira do negócio com mais clareza. Além disso, o regime de competência mostra o momento exato em que a empresa ganha uma receita ou assume uma despesa, mesmo que o pagamento ocorra depois.

Esse modelo facilita o planejamento, porque ele organiza as informações pela data correta do evento.

Assim, o empreendedor evita confusões entre o que já aconteceu e o que ainda vai acontecer no fluxo do caixa. Com isso, a leitura dos resultados fica mais fiel e transparente.

Definição direta

O regime de competência registra tudo no momento em que a transação ocorre. Isso significa que a empresa reconhece receitas e despesas pela data do fato gerador, mesmo que o dinheiro não tenha circulado ainda. 

Na prática, essa lógica ajuda o empreendedor a enxergar o desempenho real do negócio e a tomar decisões mais seguras.

Quando a empresa emite uma nota, presta um serviço ou realiza uma compra, ela já registra esse movimento na contabilidade. O pagamento pode acontecer depois, mas o fato já aconteceu e precisa entrar no controle. 

Desse modo, o DRE mostra o resultado correto do período.

O regime de competência também garante mais organização. Afinal, ele separa o que pertence a cada mês e evita bagunças comuns, como “misturar” pagamentos atrasados com resultados atuais. 

Ou seja, é uma forma de manter o financeiro em ordem, mesmo para negócios pequenos.

💡Leia também: Guia completo sobre fluxo de caixa: tudo o que você precisa saber

O conceito de fato gerador 

O fato gerador é o acontecimento que cria a obrigação de registrar uma receita ou despesa. Ou seja, ele marca o momento em que a transação realmente acontece. 

Por isso, no regime de competência, o fato gerador vale mais do que a data do pagamento. Esse conceito parece técnico, mas ele se explica de forma simples na prática.

Imagine que você vende um serviço hoje, mas só recebe daqui a 30 dias. O fato gerador aconteceu no dia da venda, porque você já entregou o valor ao cliente. Logo, você precisa registrar essa receita agora. 

O pagamento futuro não muda a data em que o serviço ocorreu.

O mesmo vale para despesas. Se a empresa usa energia em janeiro, a despesa pertence a janeiro, mesmo que o boleto vença em fevereiro. O fato gerador é o uso da energia. 

Data de competência x data de pagamento

A data de competência representa o dia em que a receita ou despesa acontece na vida real. Já a data de pagamento mostra apenas o momento em que o dinheiro entra ou sai da conta. 

Muitos empreendedores confundem essas datas, mas elas têm funções diferentes na gestão.

Por exemplo, um salário pertence ao mês em que o funcionário trabalhou. Mesmo que a empresa pague apenas no quinto dia útil do mês seguinte, a despesa real nasceu no mês anterior. 

Essa diferença explica por que o extrato bancário nem sempre combina com o resultado do DRE.

Já no caso das vendas, você pode emitir uma nota hoje e receber daqui a 60 dias. A competência registra a receita no dia da venda, porque a entrega aconteceu agora. 

Com isso, o empreendedor consegue entender o lucro real do mês, sem depender da data de pagamento.

Como funciona o Regime de Competência na prática

Como vimos, o regime de competência mostra a realidade financeira do negócio porque ele registra as receitas e despesas na data em que os fatos acontecem. 

Quando você entende essa dinâmica, você consegue enxergar cada mês com mais clareza. 

Assim, você evita confusões no fluxo de caixa e usa informações mais confiáveis para planejar o futuro do negócio.

Entenda agora como ele funciona no dia a dia de uma empresa na prática. Vem com a gente!

Receita ganha vs. receita recebida (vendas a prazo)

A receita ganha marca o momento em que você realiza a venda. Isso significa que o regime de competência registra essa receita logo no dia da entrega do produto ou serviço. 

Mesmo que o cliente pague parcelado, o fato gerador aconteceu no momento da venda.

Já a receita recebida representa o dinheiro que entra no caixa mês a mês. 

Por exemplo, você vende um produto por R$ 1.000,00 em 10 vezes de R$ 100,00. A competência reconhece os R$ 1.000,00 no dia da venda, enquanto o caixa recebe somente R$ 100,00 por mês. 

Essa diferença explica por que você vê valores diferentes no DRE e no extrato bancário.

Essa visão ajuda você a entender o lucro real do período. Com isso, você evita decisões baseadas apenas no dinheiro disponível e passa a avaliar o desempenho da operação de forma mais estratégica.

Despesa incorrida vs. despesa paga (conta de luz, fornecedores)

Já a despesa incorrida surge no momento em que você usa um serviço ou recebe um produto. Nesse caso, ela mostra quando a empresa realmente consumiu um recurso. 

Por exemplo, a energia usada em janeiro gera uma despesa incorrida em janeiro, mesmo que o pagamento aconteça apenas em fevereiro.

Por sua vez, a despesa paga aparece no caixa no dia em que você transfere o dinheiro. 

Muitos empreendedores olham o boleto e acham que a despesa pertence ao mês do pagamento. Porém, no regime de competência, a data correta é a do consumo ou da entrega do bem. 

E esse detalhe faz toda diferença no controle financeiro.

💡Conheça também: Diferença entre investimento, despesa e custo: entenda os conceitos

O papel das provisões (accruals): férias, 13º e encargos

As provisões ajudam você a registrar despesas que acontecem ao longo do tempo. 

Esse é o caso das férias, do 13º salário e de outros encargos trabalhistas, por exemplo. A equipe trabalha todos os dias, então a despesa nasce um pouco em cada mês. 

Por isso, o regime de competência reconhece tudo de forma fracionada ao longo do ano.

Quando a empresa paga o 13º em dezembro, o caixa sente o impacto de uma vez. No entanto, a despesa real aconteceu mês a mês. Essa lógica evita picos artificiais de custos e mantém o DRE mais organizado e preciso. 

O mesmo raciocínio vale para férias, comissões e outras obrigações que acumulam com o tempo.

Regime de Competência x Regime de Caixa

O regime de competência ajuda você a entender o lucro real do negócio, enquanto o regime de caixa mostra apenas o dinheiro disponível no momento. 

Essa diferença é importante porque muitos empreendedores tomam decisões olhando apenas o extrato bancário. Porém, o extrato nem sempre reflete o desempenho da empresa.

Quando você compara os dois modelos, você enxerga a operação com mais clareza. 

Entenda a fundo como funciona!

Tabela comparativa: foco, registro, objetivo, indicadores

O regime de competência organiza as receitas e despesas pela data em que os fatos acontecem. Ou seja, ele mostra o resultado econômico do negócio. 

Já o regime de caixa registra tudo na data do pagamento ou recebimento. Então, ele mostra apenas a situação financeira atual. 

Essa comparação ajuda você a usar cada modelo do jeito certo.

CritérioRegime de CompetênciaRegime de Caixa
FocoLucro econômico do períodoLiquidez imediata
Momento de registroData do fato gerador (transação)Data do pagamento/recebimento
ObjetivoMostrar desempenho operacionalMostrar saldo disponível para pagar contas
Indicador principalDRE / Resultado do ExercícioFluxo de Caixa / Saldo bancário
ComplexidadeAlto: exige provisões e conciliaçõesBaixo: registra quando o dinheiro entra/sai
Uso recomendadoPlanejamento estratégico, relatórios e auditoriaGestão do dia a dia e tesouraria

Agora, vamos interpretar: 

Primeiro, olhe para o foco. O regime de competência mostra se sua operação foi lucrativa no mês. Enquanto isso, o regime de caixa mostra se você tem dinheiro para pagar contas hoje.

Em seguida, repare no momento do registro. A competência registra pela data da transação. O caixa registra apenas quando o dinheiro circula na conta.

Por fim, use os dois juntos. Assim, você avalia o desempenho com a competência e controla pagamentos com o caixa. Dessa forma, você toma decisões mais seguras.

Competência = Lucro / Caixa = Liquidez

O regime de competência mostra se o negócio realmente gera lucro. Ele revela quanto a empresa ganha e quanto ela gasta no período correto. 

Por isso, o DRE usa sempre a competência. Essa visão ajuda você a avaliar o desempenho e a entender a força da operação.

Já o regime de caixa mostra a liquidez. Ou seja, ele revela quanto dinheiro você tem hoje para pagar contas, investir ou manter as atividades. 

Essa visão ajuda você na organização do dia a dia e no controle bancário. Ela responde a pergunta: “eu consigo pagar tudo agora?”

Quando você une essas duas ideias, você diminui as chances de interpretações erradas. Afinal, você entende que uma empresa pode ter lucro na competência e pouco dinheiro no caixa. 

Exemplo da venda parcelada em 10x 

Para ficar ainda mais prático, vamos criar uma situação não real, mas aplicável no dia a dia de qualquer empresa. Para isso, imagine que você vende um produto por R$ 1.000,00 dividido em 10 parcelas de R$ 100,00. 

O regime de competência reconhece os R$ 1.000,00 no dia da venda. Isso acontece porque o fato gerador ocorreu naquele momento. Ou seja, você entregou o produto, então a receita é daquele mês.

Já o regime de caixa registra apenas os R$ 100,00 que entram mês a mês. O dinheiro aparece aos poucos, mas a venda pertence ao mês da entrega. 

Essa diferença explica por que o extrato bancário nunca conta a história completa do negócio.

Quando usar um modelo híbrido (tesouraria vs. estratégia)

O modelo híbrido ajuda você a equilibrar as duas visões. 

Você usa o regime de caixa para acompanhar o dinheiro real e manter a tesouraria organizada. 

Ao mesmo tempo, você usa o regime de competência para avaliar resultados, analisar o lucro e planejar o crescimento do negócio.

Além disso, essa combinação também evita erros de interpretação. Você entende o lucro pela competência e controla as contas do dia a dia pelo caixa. 

Assim, você toma decisões mais seguras e evita surpresas no meio do mês.

Para que serve o Regime de Competência? 

Na prática, o regime de competência ajuda você a entender o resultado real do negócio. Ele mostra quando a empresa ganha dinheiro e quando ela assume despesas, mesmo que o caixa não mostre isso no mesmo momento. 

Essa visão evita interpretações erradas e deixa a gestão mais clara.

Além disso, o regime de competência fortalece o planejamento. Ele organiza as informações por período e revela o desempenho de cada mês. 

Assim, você toma decisões com mais segurança e evita confundir lucro com saldo em conta.

Evitando a ilusão financeira (caixa cheio e empresa no prejuízo)

A ilusão financeira acontece quando o empreendedor olha apenas o extrato bancário. O caixa pode estar cheio hoje, mas o negócio pode estar no prejuízo na competência. 

Isso acontece porque o dinheiro disponível nem sempre reflete as receitas e despesas reais do período.

Imagine que você recebeu valores antigos, mas quase não vendeu no mês atual. O caixa fica positivo, mas o DRE mostra queda no resultado. 

Essa diferença ajuda você a entender que a empresa depende de vendas novas para continuar saudável. Assim, você não se engana com um saldo temporário.

O regime de competência resolve essa confusão porque ele mostra o que realmente pertence ao mês. Ele separa valores antigos, valores futuros e valores atuais. 

Planejamento e previsibilidade de médio e longo prazo

O regime de competência cria uma visão mais completa do negócio. Para isso, ele organiza as receitas e despesas pelos meses corretos e mostra o impacto de cada decisão. 

Isso facilita o planejamento e melhora a previsibilidade. Assim, você entende o que acontece agora e se prepara melhor para o próximo mês.

Com essa lógica, você identifica padrões importantes. Você entende quando as vendas aumentam ou diminuem e quando as despesas pesam mais no orçamento. 

Esse tipo de leitura ainda ajuda você a antecipar problemas e ajustar sua operação antes de sentir o impacto no caixa.

Esse modelo também ajuda no controle de metas. Ele mostra o resultado real do trabalho da equipe e revela o que funciona ou não no negócio. 

💡Leia também: Planejamento financeiro: como organizar as finanças da empresa?

Por que investidores e bancos exigem balanços por competência

Investidores e bancos usam o regime de competência para analisar o negócio porque ele mostra o desempenho real da operação. 

Eles querem saber se a empresa gera lucro, se mantém estabilidade e se administra bem as despesas. O caixa não revela tudo isso, por isso a competência se torna necessária.

Quando você apresenta relatórios por competência, você passa mais credibilidade. Esses relatórios mostram receita, custo, margem e lucro com precisão, e revelam se a empresa cresce de forma saudável e se tem um histórico confiável. 

Assim, você cria mais confiança no mercado.

Para facilitar essa análise, veja o que bancos e investidores buscam:

  • Lucro real de cada mês;
  • Controle das despesas por período;
  • Previsões confiáveis de receita;
  • Histórico consistente para tomada de decisão.

Com isso, você mostra organização, transparência e maturidade na gestão.

Exemplos práticos do dia a dia (estudos de caso)

O regime de competência ganha mais sentido quando você observa situações reais do negócio. 

Na prática, esse entendimento facilita a rotina e evita confusões no financeiro. Além disso, esses exemplos ajudam você a criar uma leitura mais clara do DRE. 

Vem com a gente ver como todo esse processo funciona na prática:

Vendas parceladas (receita de hoje, caixa futuro)

As vendas parceladas mostram bem como o regime de competência funciona. 

Quando você vende um produto por R$ 1.000,00, a competência registra a receita integral no dia da venda. 

Já o fato gerador aconteceu naquele momento, mesmo que o cliente pague em 10 parcelas de R$ 100,00.

Já o caixa recebe apenas as parcelas ao longo dos meses. Isso cria dois cenários diferentes: lucro reconhecido hoje e dinheiro entrando aos poucos. 

Essa diferença explica por que você vê valores distintos no DRE e no extrato bancário.

Salários, férias e 13º: despesas que acontecem mês a mês

Os salários mostram uma lógica importante. 

A despesa nasce todos os dias, porque o funcionário trabalha diariamente. Por isso, o regime de competência reconhece o salário no mês em que o trabalho aconteceu, mesmo que o pagamento caia no quinto dia útil do mês seguinte.

O mesmo vale para férias e 13º. Essas despesas crescem mês a mês. A equipe trabalha hoje, então uma parte dessas obrigações pertence ao mês atual. Já o caixa sente tudo de uma vez no fim do ano. 

Essa diferença impacta o resultado e exige atenção.

Para facilitar, pense assim:

  • O funcionário trabalha significa despesa do mês.
  • O dinheiro sai depois significa impacto no caixa.

💡Conheça também: Quais as vantagens do salário sob demanda na gestão?

Contratos de assinatura/recorrência (mensalização da receita)

Os contratos de assinatura funcionam de forma parecida. 

Quando o cliente paga uma anuidade adiantada, a competência não reconhece tudo de uma vez. Ela distribui a receita mês a mês, porque o serviço acontece ao longo do ano.

Já o caixa recebe todo o valor no início. Isso cria uma impressão de caixa cheio, mas essa quantia não pertence ao mês atual. 

Nesse caso, a competência organiza essa receita e impede que você interprete os valores de forma errada.

Essa lógica faz diferença em negócios de SaaS, academias, clubes, plataformas digitais e serviços por mensalidade no geral.

💡Leia também: Como um sistema de gestão de contratos pode reduzir riscos jurídicos na sua empresa

💡Se aprofunde ainda mais: Gestão de Contratos: conheça os modelos e as melhores práticas 

Compras e estoque (CMV: despesa só na venda, não no pagamento)

As compras de estoque seguem outro princípio importante. 

Quando você compra mercadorias para revender, o pagamento sai do caixa no momento da compra. Porém, a despesa não entra no resultado nesse dia. 

Afinal, a competência reconhece essa despesa apenas quando você vende o produto.

Essa diferença cria uma visão mais justa do lucro. Isso porque ela mostra quanto você realmente gastou para gerar as vendas daquele mês. 

Assim, você entende o custo do produto no período certo e evita confundir pagamento com despesa.

💡Leia também: Como um sistema de controle de estoque evita a perda de vendas por falta de produtos

Quem é obrigado a usar o Regime de Competência?

O regime de competência aparece em várias normas brasileiras. Por isso, você precisa entender quem realmente precisa usar esse método no dia a dia. 

É exatamente esse entendimento que diminui os erros e deixa sua gestão financeira mais profissional.

Além disso, conhecer essas regras ajuda você a conversar melhor com contadores, bancos e investidores. 

Por isso, para ajudar você, vamos explicar como fu

O regime de competência aparece na Lei 6.404/76 porque ela orienta como as empresas devem registrar suas operações contábeis. 

A lei determina que as demonstrações financeiras devem refletir os fatos no momento em que acontecem, e não apenas quando há pagamento.

O CPC 00 segue a mesma lógica e reforça que a contabilidade precisa mostrar a realidade econômica da empresa. Esse princípio garante informações mais confiáveis para decisões financeiras.

Por isso, qualquer empresa que prepara balanço patrimonial, DRE ou relatórios formais precisa seguir o regime de competência. A legislação exige clareza, consistência e responsabilidade na apuração dos números.

Empresas do Lucro Real (obrigatório)

As empresas do Lucro Real usam o regime de competência em todas as obrigações contábeis. 

Esse modelo garante cálculos corretos de IRPJ e CSLL, já que os tributos incidem sobre o lucro apurado pelo regime contábil.

Nesses casos, o governo exige precisão total. Por isso, o registro por competência não é opção: é regra para manter conformidade fiscal e evitar autuações. Qualquer inconsistência pode gerar questionamento da Receita.

Simples Nacional e Presumido: caixa só para fins fiscais

As empresas do Simples Nacional e do Lucro Presumido podem usar caixa apenas para o cálculo dos impostos. 

Porém, no restante da contabilidade, elas também se beneficiam do regime de competência. 

Esse modelo ajuda o empreendedor a olhar o lucro de verdade, mesmo que os tributos sigam outra lógica.

Ou seja, o caixa vale só para o fiscal. Para gestão, balanço e relatórios internos, o uso do regime de competência melhora a análise da empresa. 

Isso evita ilusões financeiras e facilita decisões estratégicas.

Código Civil, eSocial e SPED: exigências brasileiras

Outras normas também reforçam a importância do regime de competência. O Código Civil exige escrituração organizada e fidedigna das operações. 

O eSocial registra eventos trabalhistas conforme o momento em que eles acontecem. O SPED integra obrigações que seguem exatamente essa mesma lógica.

Esses sistemas trabalham com datas reais das operações, e não com o recebimento ou pagamento. 

Por isso, o empreendedor passa a registrar informações de acordo com sua ocorrência. Essa coerência facilita auditorias e garante transparência.

Para visualizar esse cenário, considere as exigências mais comuns:

  • Obrigações trabalhistas (eSocial) seguem competência;
  • Escrituração contábil (SPED ECD/ECF) segue competência;
  • Relatórios para bancos e investidores também seguem competência.

Vantagens e desvantagens do Regime de Competência

O regime de competência deixa a gestão mais clara porque ele mostra o resultado real de cada mês. Ele organiza receitas e despesas na data correta e ajuda você a entender se o negócio está lucrando ou não. 

Essa visão facilita decisões e evita confusões no financeiro.

Por outro lado, esse modelo exige atenção porque ele não mostra o dinheiro disponível no caixa. Por isso, você precisa usar a competência junto com o controle de caixa. 

Assim, você enxerga o lucro e também acompanha a liquidez do negócio.

Vantagens: precisão do lucro, performance por período, histórico

O regime de competência oferece vantagens importantes. Ele mostra o lucro real do mês e revela como a operação funciona. Com isso, você identifica o desempenho de cada período com mais segurança. Essa organização deixa a leitura do DRE mais clara.

Além disso, o regime de competência cria um histórico confiável. Você compara meses, avalia resultados e entende se a empresa cresce de forma saudável. Assim, você toma decisões melhores, ajusta estratégias e melhora a gestão.

Para resumir, o regime de competência entrega:

  • Lucro real do período, sem influência do caixa;
  • Histórico organizado, pronto para análises;
  • Performance clara, ideal para crescimento.

💡Leia também: Como alcançar a maximização do lucro: dicas e melhores práticas

Desvantagens: risco de descasamento com fluxo de caixa

O principal risco do regime de competência aparece quando o lucro não acompanha o caixa. Isso acontece porque o lucro reconhece fatos econômicos. 

Já o caixa registra apenas a entrada e saída de dinheiro. Essa diferença gera o descasamento entre os dois modelos.

Imagine que você vende muito no mês, mas recebe tudo depois. O DRE mostra lucro imediato, mas o caixa continua baixo. 

Esse cenário exige atenção, porque a empresa pode ter lucro e não ter dinheiro para pagar as contas. Por isso, você precisa acompanhar os dois relatórios juntos.

Essa combinação evita erros na tomada de decisão. Você olha o lucro pela competência e controla o dinheiro disponível pelo caixa. Assim, você garante equilíbrio financeiro.

A “ilusão do lucro”: empresa lucrativa sem dinheiro para pagar contas

A ilusão do lucro acontece quando o empreendedor olha apenas o DRE. O relatório mostra lucro, mas o caixa não acompanha. Isso engana porque a empresa parece saudável, mas não tem dinheiro suficiente para manter as operações. 

Essa situação aparece em vendas a prazo, contratos longos ou recebimentos atrasados.

Esse problema é comum em negócios pequenos. O empreendedor vê números positivos no relatório e acredita que pode investir mais. 

Porém, o caixa ainda não recebeu o dinheiro dessas vendas. Essa diferença cria riscos e aumenta a chance de atrasar pagamentos.

O regime de competência ajuda você a enxergar a verdade. Ele mostra o lucro real, mas ele também exige que você acompanhe o caixa. Quando você compara os dois, você evita ilusões e toma decisões mais seguras.

Regime de Competência no DRE (Demonstração do Resultado)

O regime de competência aparece de forma completa dentro do DRE. Esse demonstrativo mostra todas as receitas e despesas no mês em que elas acontecem. 

Por isso, o DRE revela o desempenho real da empresa, mesmo quando o caixa não acompanha.

Essa visão ajuda você a entender o lucro do período. Ela mostra a força da operação e revela se o negócio ganhou ou perdeu dinheiro no mês. 

Assim, o DRE vira a principal ferramenta para analisar resultados.

📖Entenda também: DRE: como fazer na gestão do seu negócio?

DRE como relatório 100% por competência

O DRE funciona apenas com o regime de competência. Ele separa as receitas e despesas pela data em que cada fato acontece. Essa lógica cria uma visão mais fiel da operação e mostra o resultado real do mês.

Esse relatório também organiza custos, impostos e despesas de forma clara. Ele mostra o impacto de cada parte do negócio no lucro. 

Assim, você identifica o que funciona e o que precisa de ajustes.

📖Conheça também: Modelo de DRE: o que deve constar e como preencher com um ERP

Entendendo o Resultado do Exercício

O Resultado do Exercício mostra se o negócio teve lucro ou prejuízo. Ele usa todas as informações do regime de competência. 

Por isso, ele reflete de forma precisa como a empresa performou no período. 

Além disso, esse resultado mostra quanto a empresa gera de valor. Ele ajuda você a acompanhar metas, analisar sazonalidade e avaliar se a operação cresce de forma sustentável.

Cruzamento DRE (competência) x DFC (fluxo de caixa)

O DRE e o DFC se completam. O DRE mostra o lucro pela competência. O DFC mostra a entrada e saída real de dinheiro. Essa combinação evita erros e traz mais clareza para a gestão.

Para facilitar, veja como cada relatório responde a uma pergunta específica:

  • DRE: “A operação deu lucro?”
  • DFC: “Tenho dinheiro para pagar tudo agora?”

Essa comparação cria uma visão completa. Você entende o que aconteceu no período e também acompanha o que acontece no caixa. Isso fortalece decisões e reduz riscos.

Como aplicar o Regime de Competência sem errar

O regime de competência exige atenção aos detalhes, mas você evita erros quando entende os passos certos. 

O principal é registrar tudo na data correta do fato e não na data do pagamento. Essa prática deixa o financeiro mais organizado e evita diferenças entre o DRE e o extrato bancário.

Além disso, você facilita o trabalho do contador. Você entrega documentos claros e separados por período. 

Isso reduz retrabalho, diminui riscos e melhora a leitura dos resultados da empresa.

💡Leia também: Integração contábil: você sabe o que é?

Como lançar corretamente data de competência x vencimento

A data de competência representa o dia em que a transação realmente acontece. Já a data de vencimento mostra apenas quando o pagamento deve ocorrer. 

Você precisa registrar cada item na data de competência, porque ela reflete o impacto real da operação no mês.

Por exemplo, você recebe a conta de luz de janeiro com vencimento em fevereiro. 

A competência pertence a janeiro, porque você consumiu a energia naquele mês. Esse mesmo raciocínio vale para salários, estoque, serviços e vendas. 

Tudo entra no mês em que acontece, mesmo que o pagamento ocorra depois

Organização de documentos fiscais e contratos

A organização de documentos facilita o uso do regime de competência. Ela garante que você registre tudo no mês certo.

 Essa prática também evita omissões e reduz erros na contabilidade. Com isso, você mantém a empresa mais segura.

Para simplificar, você pode separar tudo por categoria ou por mês. Essa divisão deixa a rotina mais leve e facilita conferências. 

Você também ajuda o contador a trabalhar com mais agilidade.

Aqui estão formas simples de organizar:

  • Notas fiscais separadas por mês;
  • Contratos de prestação de serviço com datas claras;
  • Comprovantes de pagamento anexados aos documentos.

Conciliação bancária: unindo caixa e competência

A conciliação bancária liga o movimento real do banco aos registros da competência. Ela confirma se tudo que você lançou tem correspondência no caixa. Essa prática evita divergências e mantém a gestão financeira equilibrada.

Por exemplo, você registra uma venda por competência e recebe a parcela no banco dias depois. A conciliação mostra esses dois momentos e deixa tudo alinhado. Assim, você identifica atrasos, confirma recebimentos e corrige diferenças rapidamente.

Essa união entre caixa e competência cria uma visão completa. Ela mostra o lucro do período e o dinheiro disponível para manter o negócio funcionando.

💡Saiba mais: Conciliação bancária: o que é, como fazer e como automatizar?

Como o GestãoClick automatiza o Regime de Competência

O regime de competência pode parecer complexo no dia a dia, mas o GestãoClick simplifica todo o processo. 

O sistema organiza lançamentos, separa o que pertence ao caixa e ao DRE e reduz erros comuns na rotina financeira. 

Assim, você mantém tudo em ordem sem perder tempo com planilhas ou cálculos manuais.

Além disso, o GestãoClick torna a gestão mais confiável. Ele registra dados na data certa, gera relatórios completos e entrega informações precisas para você tomar decisões melhores. 

Dessa forma, você mantém sua empresa organizada e preparada para crescer.

Lançamentos automáticos e integração com vendas

O GestãoClick registra automaticamente as vendas no regime de competência. Ele reconhece a receita no dia certo e organiza as parcelas no financeiro.

Isso elimina erros e cria uma visão mais clara do que pertence ao DRE e ao caixa.

Essa automação também ajuda você a manter o histórico organizado. O sistema conecta vendas, estoque, contratos e financeiro.

Assim, tudo acontece no momento correto, sem cálculos manuais.

DRE e relatórios prontos em tempo real

O sistema gera relatórios completos sem esforço. Ele atualiza o DRE automaticamente conforme você lança vendas e despesas. 

Isso facilita a leitura do desempenho real do negócio. Você acompanha os resultados do mês com rapidez e clareza.

Além disso, o GestãoClick organiza histórico, custos e receitas por período. Assim, você entende a evolução da empresa ao longo do tempo. 

Essa visão fortalece decisões e melhora o planejamento.

Exportação facilitada para o contador e para o fiscal

A exportação de dados fica simples com o GestãoClick. O sistema prepara as informações de forma organizada e pronta para o contador.

Isso reduz retrabalho, evita erros e facilita o envio para obrigações fiscais.

Para ajudar ainda mais, o sistema padroniza relatórios e separa tudo por competência.

Isso cria mais segurança no processo e agiliza fechamentos mensais.

Conclusão

O regime de competência ajuda você a entender o lucro real do negócio. Ele organiza receitas e despesas na data correta e mostra a performance do mês com mais precisão. 

Ao longo deste conteúdo, você viu como o modelo funciona, quando usar e como evitar erros na gestão.

Você também entendeu que caixa e competência se completam. O DRE mostra o resultado. O fluxo de caixa mostra o dinheiro disponível. 

Quando você combina os dois, você cria uma gestão mais forte e reduz riscos.

Com o GestãoClick, tudo fica ainda mais fácil. O sistema automatiza lançamentos, separa competência e caixa e entrega relatórios completos em poucos cliques. 

Além disso, ele ajuda você a manter a empresa organizada e preparada para crescer.

Para deixar claro, veja os principais benefícios de usar o GestãoClick:

  • Lançamentos automáticos por competência;
  • Relatórios completos em tempo real;
  • Conciliação simples entre caixa e DRE;
  • Exportação rápida para o contador;
  • Mais organização e mais segurança.

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Perguntas frequentes sobre Regime de Competência

1. Regime de competência é obrigatório?

O regime de competência é obrigatório para empresas do Lucro Real e para todas que precisam apresentar demonstrações contábeis formais, como balanço e DRE. No Simples e no Presumido, ele não é obrigatório para fins fiscais, mas continua obrigatório na contabilidade societária.

2. Qual a diferença entre despesa incorrida e paga?

A despesa incorrida nasce no momento em que você usa um serviço ou recebe um produto. A despesa paga é o valor que sai do caixa no dia do pagamento. A competência registra a despesa incorrida, e o caixa registra a despesa paga.

3. O que é despesa incorrida?

A despesa incorrida é o custo que acontece no mês em que você consome um serviço ou produto, mesmo que o pagamento ocorra depois. É o caso da energia usada em janeiro e paga só em fevereiro.

4. Posso mudar de regime todo ano? (regra da Receita Federal)

Você pode mudar o regime para fins fiscais apenas na virada do ano-calendário, conforme as regras da Receita Federal. Porém, a contabilidade sempre segue o regime de competência, independentemente da escolha fiscal.

5. Posso usar caixa e competência ao mesmo tempo?

Sim. Você pode usar o caixa para controlar o dinheiro real do dia a dia e usar o regime de competência para analisar o lucro e organizar o DRE. Essa combinação forma o modelo híbrido e melhora a gestão.

6. Competência vale para MEI?

O MEI não é obrigado a usar o regime de competência. Porém, ele pode usar esse modelo para organizar melhor receitas, despesas e resultados, principalmente quando a operação cresce.

7. O que acontece se eu registrar errado?

Um erro no registro distorce o lucro do mês, confunde o fluxo de caixa e compromete relatórios como o DRE. Isso afeta decisões, causa problemas com o contador e aumenta o risco de inconsistências fiscais.

Ivan Vilela
Ivan é formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto e possui pós-graduação em Revisão e Preparação de Textos pela PUC Minas.
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